Encontrei esse texto no site Family Research Council, publicado em 23 de agosto de 2019, de autoria de Daniel Hart, nas minhas pesquisas para a Dissertação. Entrei em contato com o site e, depois de receber autorização, publico aqui o texto traduzido. Que venham outros, em um futuro pós mestrado 🙂
Fundado em 1983, o Family Research Council é uma organização educacional e de pesquisa sem fins lucrativos dedicada a articular e promover uma filosofia de vida pública centrada na família. Além de fornecer pesquisa e análise de políticas para os setores legislativo, executivo e judicial do governo federal norte americano, a FRC procura informar a mídia, a comunidade acadêmica, os líderes empresariais e o público em geral sobre questões familiares que afetam o país de uma maneira geral, dentro dos preceitos da bíblia. Eles podem ser encontrados no site www.frc.org, telefone (800-225-4008) ou então através do endereço para correspondência (801 G Street, NW, Washington, D.C. 20001).
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Atualmente, encontrarmos muitos autores que tratam sobre a dependência de smartphone em nossa sociedade, principalmente entre os mais jovens e como este aparelho diminui a qualidade de vida desse grupo. Já perdi a conta de quantas histórias li sobre como nossa sociedade parece ter uma atenção reduzida devido ao vício ao smartphone ou ainda sobre as crianças não fazerem contato visual por estarem com o smartphone nas mãos.
Recentemente, um amigo me contou que durante uma sessão de treinamento no novo emprego, dois jovens de vinte e poucos anos ao seu lado passavam mais tempo olhando para o smartphone do que para o supervisor que estava dando o treinamento. Antigamente, estas aterrorizantes histórias faziam parte de um imaginário coletivo. Hoje, dados confirmam tristemente que esta é uma realidade cada vez mais presente. Um artigo preocupante do Dr. Clay Routledge, publicado no site Institute for Family Studies cita que o longo tempo gasto em smartphones está levando a uma série de deficiências alarmantes nas relações e interações humanas básicas:
Em um experimento de campo, os pesquisadores descobriram que ter celulares presentes durante uma refeição com familiares ou amigos diminuía o prazer dessa experiência social. Outro experimento que envolveu pares de estudantes universitários que esperavam junto com ou sem seus celulares descobriu que aqueles que não tinham telefone tinham muito mais probabilidade de sorrir e interagir uns com os outros do que aqueles com celulares. E um estudo descobriu que fazer com que os estudantes universitários limitassem severamente o uso diário das mídias sociais por um período de três semanas diminuía a solidão e a depressão. Em suma, um crescente corpo de pesquisa experimental está fornecendo evidências empíricas de que os celulares nos distraem de experimentar completamente o mundo real.
Estas descobertas são preocupantes por interferirem negativamente no convívio familiar. Routledge afirma que em um outro experimento envolvendo os pais e as interações com seus filhos em um museu mostram que pais com grau maior de dependência de smartphone relatam sentirem-se menos atentos e menos conectados socialmente em comparação com aqueles pais que possuem menor grau de dependência. Além disso, o mais dependentes afirmam sentir menor significado na vida enquanto estavam com seus filhos no museu.
Talvez o mais assustador seja uma pesquisa do Pew Research Center citada por Routledge:
No que diz respeito especificamente aos smartphones e à vida familiar, uma pesquisa da Pew descobriu que cerca de metade dos adolescentes diz que seus pais são distraídos por seus telefones quando tentam conversar com eles, e mais de 70% dos pais relatam que seus adolescentes são distraídos quando tentam converse com eles.
Quando a dependência de smartphone estraga até a relação social mais básica – a conversa com os membros de nossa família – você sabe que existe um sério problema. O que Routledge faz alusão e o que a FRC enfatizou a anos é que a família fornece a forma mais básica de significado na vida de uma pessoa através do amor que ela recebe, o que, por sua vez, forma nosso principal senso de autoestima. Quando essa fonte mais fundamental de significado em nossas vidas é comprometida pelo colapso da comunicação e dos relacionamentos familiares, coisas ruins acontecem.
O lançamento do Iphone em 2007 marcou o inicio de uma crise de saúde mental na geração pós millenials (os que nasceram no fim dos anos 1990), incluindo taxas crescentes de depressão, ansiedade e suicídio.
Menos tempo de tela, mais satisfação
Sem dúvidas que os tablets, smartphones e outros dispositivos conectados a internet melhorarm nossas vidas de muitas formas. Porém, como qualquer tecnologia (ou qualquer outro bem mundano), os crentes sabem que a moderação é fundamental. Para desenvolver hábitos saudáveis no uso da tecnologia, é preciso ver os smartphones como aquilo que eles são: uma ferramenta, não uma necessidade.
A principal forma para evitar a dependência de smartphone em nossos filhos e nas futuras gerações é limitar a quantidade de tempo que eles passam de olho na tela. Como fazer isso? De uma forma simplificada, se estão fora do alcance dos olhos, estão fora do alcance da mente. Se cultivarmos o hábito de que nossos lares são locais para o aprendizado e lazer, dificilmente veremos a dependentes de tela. Também pode haver um planejamento de uso saudável das telas, o que pode melhorar a vida familiar com, por exemplo, a exibição comum de filmes ou eventos esportivos.
Em um determinado momento da vida da criança, eles vão ver que seus colegas têm smartphones e, naturalmente, desejarão ter um também. Mas se educarmos nossos filhos com o entendimento de que eles não devem ganhar um smartphone mas, ao invés disso, de que eles devem trabalhar, conseguir seu dinheiro e com isso comprar seu aparelho, eles terão mais chances de ver os smartphones não como um item de necessidade, mas como uma ferramenta.
Com essa perspectiva saudável desde pequenos, é muito menos provável que as crianças se tornem viciadas em smartphones quando forem mais velhas e tenham acesso ao aparelho.Como sugerem os dados emergentes, e como sabemos inerentemente, no fundo, somos mais felizes e satisfeitos quando passamos menos tempo visualizando uma tela e mais tempo se envolvendo com o próximo.
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